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21/02/2020

Indústria calçadista da Argélia a caminho da iminente extinção

Quem soou o alarme foi Mustapha Benamar, presidente da Divisão de Calçados da ANCA, associação que reúne comerciantes e artesãos argelinos. Em 2019, 80% das quase 4.000 oficinas de calçados artesanais da Argélia foram forçadas a fechar. “Quarenta anos de investimentos cancelados em um ano”, destacou Benamar à mídia local, acrescentando que apenas cerca de 800 a 900 pequenas empresas permaneceram operacionais hoje.

As causas do sapato em extinção na Argélia? Obstáculos burocráticos, falta de financiamento e concorrência estrangeira. Segundo estimativas, 95% dos calçados vendidos no mercado argelino (70 milhões de pares) são provenientes de importações. “Os produtos importados gozam de privilégios alfandegários e fiscais mais altos do que os reconhecidos para a importação de matérias-primas usadas pelos fabricantes de calçados da Argélia”, afirmou Benamar.

Benamar estimou a capacidade nacional de produção de calçados em cerca de 120 milhões de pares por ano, com a possibilidade de criar 500.000 empregos diretos e indiretos. Entre as propostas de apoio ao setor de calçados, também está a criação de um banco para o financiamento de PMEs. Isso ocorre porque hoje os bancos oferecem empréstimos destinados apenas à compra de equipamentos. Enquanto para os fabricantes de calçados, o principal problema está na obtenção de crédito para a compra de matérias-primas.

Benamar explicou que os impostos sobre matérias-primas pesam entre 500 e 600 dinares argelinos (o equivalente a 3,8-4,6 euros) para cada par de sapatos fabricados na Argélia. Com o mesmo preço, alguns operadores podem importar um par de sapatos pronto para ser revendido.

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